Na adolescência, maconha tem efeitos ainda mais devastadores
Quando mais cedo se inicia o uso da droga, maior o prejuízo no funcionamento do cérebro.
A despeito de seu emprego clínico, está comprovado: o consumo regular de maconha compromete as funções cognitivas do ser humano. Prova mais recente dos danos acaba de ser produzida por uma pesquisadora brasileira que, em sua tese de mestrado, avaliou as capacidades cognitivas de 128 indivíduos com dependência ou abuso de maconha (abstinentes e não-abstinentes) em tratamento e mais 32 não-usuários da substância.
Realizado pela neuropsicóloga Priscila Previato de Almeida, da Universidade Federal de São Paulo, o estudo indica que o impacto da droga no cérebro de menores de 17 anos é bem mais acentuado se comparado àqueles que iniciaram o uso da maconha depois dessa idade. Os adolescentes precocemente iniciados na droga completaram menor número de categorias e cometeram mais erros nos testes aplicados.
De uma forma geral, os usuários da droga levaram um tempo maior para resolução das questões propostas, quando comparados aos que estavam longe da maconha entre um e sete dias e entre oito e 25 dias. Independente de o consumo da droga ter ocorrido há pouco tempo, quem já foi usuário apresentou performance inferior defronte ao grupo de não-usuários.
Além de demorar mais para finalizar os testes, os usuários da droga também apresentaram mais erros. Os resultados sugerem que a ingestão crônica de maconha traz prejuízos no funcionamento cerebral quanto à capacidade de raciocínio abstrato, organização e flexibilidade mental , afirma a pesquisadora. E esses prejuízos estão presentes mesmo após um período médio de 14 dias de abstinência .
De acordo com a pesquisadora, não se pode, entretanto, afirmar que esses déficits são irreversíveis, pois não há trabalhos mostrando que eles permaneçam após um período mais prolongado de abstinência. Apesar de não parecerem incapacitantes, os danos podem influenciar negativamente a motivação para o tratamento e também a adesão a programas de recuperação, aumentando as chances de recaída.
Número de cigarros
Em outra análise, a neuropsicóloga relacionou o número de cigarros de maconha consumidos ao longo da vida a possíveis prejuízos neuropsicológicos. Os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro, formado por indivíduos que fumaram menos de cinco mil cigarros na vida, enquanto o segundo incluiu pessoas que ultrapassaram essa quantidade (parâmetro usado nos estudos internacionais sobre o assunto: cinco mil cigarros caracterizam o uso pesado, o que equivale a fumar ao menos uma vez por dia, durante 13 anos).
Os dois grupos, no entanto, apresentaram pior desempenho do cérebro em comparação a quem nunca usou a droga. Mas aquelas pessoas que fumaram mais de cinco mil cigarros apresentaram constrangimentos extras. Além da dificuldade para solucionar problemas e criar estratégias, os sujeitos que fazem uso pesado e por períodos mais longos apresentam prejuízos também na atenção , afirma a neuropsicóloga.
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